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Empresas ainda não sabem como explicar novas regras

Valor Online Graziella Valenti As companhias ainda não sabem como vão explicar aos investidores as mudanças nos resultados trazidas pela migração ao padrão internacional de contabilidade IFRS. A constatação é de pesquisa realizada pela Deloitte, em parceria com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri). O resultado preocupa, na opinião do sócio da empresa de auditoria Bruce Mescher, sócio da auditoria. "A adoção do IFRS afetará todos os indicadores de desempenho. A forma como as empresas conseguirão comunicar a mudança é que determinará seu diferencial." Entre junho e agosto, foram ouvidas 51 empresas, cujos faturamentos somados em 2007 alcançaram R$ 745 bilhões. Dessas companhias, 53% ainda não prepararam a comunicação desse processo, segundo relato dos responsáveis pelo departamento de relações com investidores. A questão é especialmente relevante tomando-se como base o cenário de crise. Informação de qualidade e bem comunicada, apesar de ser um exigência básica de todas as companhias abertas, tornou-se questão ainda mais importante diante do aumento da demanda por informações, em função da falta de prognósticos claros sobre o futuro. Apesar de a convergência completa ao IFRS no Brasil estar prevista para 2010, boa parte dos trabalhos já terão sido feitos ainda neste ano. A aprovação da Lei 11.638, que aprovou a reforma da legislação contábil nacional, colocou o país o na rota da migração. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está trabalhando no processo de regulamentação das normas que serão aplicadas já nos balanços anuais de 2008. A pesquisa da Deloitte demonstrou ainda que o trabalho para a convergência começou na maioria das companhias, mas não está em fase adiantada. Cerca de 80% dos entrevistados responderam que estão em fase de treinamento dos atuais funcionários e em busca de informações sobre o padrão contábil, bem como avaliando os recursos necessários para o trabalho de migração. No entanto, apenas 41% já realizaram testes de convergência ao IFRS e só 35% já estão adaptando seus sistemas internos. Os executivos apontaram variadas preocupações. No entanto, a morosidade na normatização do padrão no Brasil foi a mais destacada: 77% das respostas. Outras questões como a falta de familiaridade com o IFRS (67%) e a tradução das normas externas (51%) também foram amplamente citadas. Apesar de um percentual grande de companhias ter iniciado os trabalhos, só 8% consideram ter "muito conhecimento" para a adaptação e apenas 4% sabem exatamente as alterações necessárias as quais seus balanços serão submetidos. "Acho um contra-senso, já que boa parte iniciou os esforços de adaptação", disse Mescher. Mas enfatizou que a pesquisa revelou que as companhias estão vendo o processo de convergência de forma otimista. Dos entrevistados, 92% entendem que os impactos na transparência serão positivos. Foram destacadas melhora na qualidade dos dados sobre instrumentos financeiros e também na na avalia dos ativos.

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